"Vejo
a literatura como acontecimento, não apenas como espelho das
questões sociais mais imediatas. Mas que ela traga o leitor para um
horizonte ritualístico, um horizonte litúrgico. É como se ele
sentasse, que fosse lá no palco e participasse junto com o ator,
Ando muito preocupado com essa questão da liturgia, do
ritual."
"A
literatura, às vezes,
é uma voz embriagada que canta."
"Sou
um escritor de linguagem, pelo método com o qual escrevo fica claro
isso. Tento captar a realidade através do que a linguagem me
indica. Nesse sentido, sou o oposto de Berkeley Realmente, o que vai
puxar-me arrastar-me movimentar em direção à ação do livro não
é uma idéia de conteúdo prévio, mas é aquilo que a linguagem
vai abrindo para mim. Como se realmente a linguagem fosse um exercício
desejante de ação. Ação não no sentido norte-americano,
evidentemente, de cinemão, mas no sentido de que o personagem começa
de um jeito e vai terminar de outro. Acredito nisso, acredito na
possibilidade de um argumento, sim, na história humana. Isso não
quer dizer que tenha uma linha progressiva, uma finalidade
angelical, nada disso, mas existe a possibilidade de você conhecer
profundamente o seu próprio movimento. O homem não é um bicho
estagnado. E só existe ficção por isso e não para usara ação
como uma peripécia atordoante que valha por si mesma. Mas o que vai
me levar a essa ação, a essa verdade humana que é o momento, é a
linguagem. Ela é o abre-te sésamo deste novo mundo."
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